Por: Cris Alve
Você a corda pela manhã numa
quinta dessas e segue para escola como sempre de costume. Estranho mesmo
é levantar com aquela sensação de que alguma coisa estaria para acontecer,
mas resolvo deixar isso para lá.
Aí vem aquela vontade súbita e
incontrolável vontade de sentir aquele sabor de infância que voltava toda vez
que comia o bom e velho aipim, há aipim com café não tem coisa
melhor. Segui com meu pai em direção ao lugar que vendia mais em conta essa iguaria,
que é o chamado Largo Dois De Julho, bairro histórico de Salvador que
literalmente está entregue a moscas e ratos, como se já não bastasse os
usuários de drogas e ladrões.
Meu pai encontrou com uns amigos
de outrora que o convidou para beber. Ele que já tinha tomado uma
quantidade digamos que estrondosa de cervejas, convidado por seus amigos do bairro
resolveu tomar ainda mais para acabar logo com o ‘’barril do bar’’, eu me
perguntando para aonde ia aquela cerveja toda.
A resposta veio logo em seguida, quando sofremos um grave acidente de carro, minha vida parecia aquelas cenas de filmes de ação e flashes em câmera lenta Quando tomei consciência de que era uma realidade já estava no hospital.
Um corte profundo na testa, os pés ficaram presos nas ferragens, volante debruçado no meu peitoral. Fomos notícias na imprensa noticiou o ocorrido. Por intervenção divina ou não eu aprendi a valorizar ainda mais a vida e escutar aquela voizinha que sempre existe dentro de nós ,que avisa quando algo está errado ou que está para acontecer. Foi assim, quando o dia começou e eu tive aquela sensação que veio junto com a saudade da infância.
Foi uma lição pra nunca mais esquecer.
Esta dívida foi muito mas como a
minha vida, ainda foi mantida, a outra tal conta que ficou para a pagar o
dinheiro que em muitas vezes pode ser o vilão da história cobriu as
despesas do hospital ajudando a me recuperar e estar firme e forte para
contar esta história, e mais cuidadosa com a bebida e meu pai já vi que ambos
não combinam literalmente.